Após delação denunciar desvio de dinheiro em Maracaju, prefeitura abre sindicância
Empresário relatou ao Gaeco como funcionava esquema que desviou dinheiro de casas populares na gestão do PSDB em Maracaju
Gabriel Maymone, Beatriz Magalhães –
Ouvir Notícia Pausar Notícia Compartilhar O prefeito de Maracaju – município a 160 km de Campo Grande -, Marcos Calderan (PSDB), informou à reportagem do Jornal Midiamax nesta terça-feira (5) que abriu sindicância para apurar a conduta do servidor efetivo, Volnei Rogério Lange, que exercia cargo de diretor de licitação no município.
Recentemente, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) firmou acordo de delação premiada com o empresário Milton Matheus Paiva, da 3M, réu por corrupção em Sidrolândia. Em depoimento, ele revelou que participou de esquema de desvio de dinheiro em contrato para casas populares na prefeitura de Maracaju.
Então, sem detalhar o motivo, Calderan informou que a prefeitura afastou o servidor do cargo ano passado por outra situação. “Vai passar por uma sindicância”, pontuou. Volnei é servidor efetivo da prefeitura.
Calderan disse que não tinha conhecimento dessa situação: “É um servidor que, aparentemente, estava fazendo coisas erradas, segundo o empresário que está sendo investigado, que diz que havia essa situação da propina. Ele foi afastado ano passado, não por isso, porque eu não sabia disso”, detalhou o prefeito.
Empresário denuncia esquema de corrupção em gestão do PSDB em Maracaju
Em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Milton descreveu esquema de desvio de dinheiro para casas populares que teria acontecido em Maracaju.
Assim, os fatos citados pelo empresário da 3M são do final de 2022, quando Calderan já respondia como prefeito do município. O prefeito do PDSB é apadrinhado político do presidente estadual do PSDB, Reinaldo Azambuja — que participou ativamente da campanha de reeleição de Calderan.
Materiais para casas populares nunca foram entregues
Conforme declarado por Milton aos investigadores do Gaeco, a empresa dele e a de Ricardo José Rocamora venceram uma licitação para materiais de construção, para construção de casas populares.
Nesse contexto, ele citou algumas situações as quais tem conhecimento e provas de pagamentos feitos pela prefeitura por materiais que não foram fornecidos. E afirmou que tudo foi com aval do então diretor de licitação da época, Volnei Rogério Lange.
Por exemplo, uma das situações relatadas é que houve pedido a mais na compra de madeira e que a Prefeitura de Maracaju teria pago cerca de 50 mil reais em madeira que nunca foi entregue.
“Ricardo começou a fazer trocas, emitia notas e não entregavam madeiras, sacavam o dinheiro e entregava para Volnei”, relatou Milton ao Gaeco.
Conforme Milton, esse valor teria sido utilizado para comprar um carro HRV para a filha de Volnei. A diferença do valor foi paga com um veículo Onix.
Ainda segundo a delação, o próprio Milton descreveu duas ocasiões em que fez repasses de dinheiro em espécie para Volnei. Uma delas de R$ 7 mil, que foram por materiais pagos pela prefeitura, mas que nunca foram entregues.
Sobre a situação, Calderan havia dito que as informações sobre a delação são novas. “Não tenho nada para dizer ainda, porque nem sei o que vai acontecer daqui para frente, vou me situar. Então, a única coisa que eu posso te dizer é que eu estou surpreso com essa situação”, concluiu.