O advogado Rhiad Abdulahad tenta na Justiça anular a Operação Successione, que tem como um dos alvos o pai dele, o empresário José Eduardo Abdulahad. A alegação é de que equipe policial entrou na casa de José sem o devido mandado durante a operação em dezembro de 2023.
Ao Midiamax, Rhiad confirmou que entrou com pedido de liminar de nulidade da operação, por ausência da autorização para entrada na casa. O advogado afirma que policiais teriam entrado na residência sem mandado de busca.
“A jurisprudência é firme no sentido de que há nulidade quando isso acontece”, afirmou. Inicialmente foi indeferida a liminar pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
O Midiamax acionou a Polícia Civil sobre o mandado. “Informamos que todos os procedimentos feitos pela Polícia Civil durante a Operação Successione foram feitos dentro da legalidade e normalidade, cabendo ao Poder Judiciário a análise do conjunto probatório e decisão de manutenção ou não das prisões dos envolvidos”, esclareceu o órgão.
Preso teve liberdade negada
Um dos presos na terceira fase da operação, deflagrada já em 2024, Diogo Francisco teve pedido de liberdade negado. Ele é irmão de um empresário acusado de aplicar golpes em várias pessoas usando nomes de ex-governador do Estado, secretário de Segurança Pública e até do PCC (Primeiro Comando da Capital) para intimidar as vítimas.
Na terceira fase da operação, foram cumpridos dois mandados de prisão, contra Diogo, o ‘Barone’, e Edilson Rodrigues, o ‘Mentirinha’. Na ocasião, também foi cumprido um mandado de busca e apreensão.
A ação, segundo o Gaeco, foi resultado de material apreendido durante as outras duas fases, em 5 e 20 de dezembro de 2023.
Conforme os levantamentos, a organização criminosa, que age de maneira violenta para estabelecer seu domínio, continuou com a compra de máquinas mesmo após ser alvo de uma ação em outubro de 2023.
O Gaeco aponta também que a organização criminosa é integrada por policiais militares da reserva, além de um ex-policial militar, que foi excluído dos quadros da corporação.
Os acusados se valiam da condição, especialmente do porte de arma de fogo, para tornar Campo Grande novo território sob comando do grupo criminoso.
O que as investigações identificaram é que liderança do grupo seria o deputado estadual Neno Razuk (PL), alvo de buscas na primeira fase da operação. O Gaeco concluiu que 15 pessoas, denunciadas em 19 de dezembro, integram a organização criminosa.
Grupo se dividia em tarefas voltadas para a exploração ilegal do jogo do bicho, além de roubos, corrupção, entre outros crimes.
O nome da operação faz alusão à atual disputa pelo controle do “jogo do bicho”, em Campo Grande, com a chegada de novos grupos criminosos que migraram para a Capital após a “Operação Omertà”.
Major era gerente do jogo do bicho
O major aposentado da Polícia Militar, Gilberto Luiz dos Santos, conhecido como ‘Barba’, é apontado como gerente do jogo do bicho no reduto da organização criminosa, segundo denúncia do Gaeco a qual o Jornal Midiamax teve acesso.
Segundo a denúncia, ‘Barba’ exerce um controle sobre os integrantes do grupo criminoso no que diz respeito às articulações da organização criminosa para a tomada do controle do jogo do bicho em Campo Grande, sempre atendendo aos comandos do líder, o deputado estadual Roberto Razuk Filho, Neno.
Major Gilberto lidava ostensivamente com intermediários, oferecendo treinamento, controlando a ação dos ‘recolhes’ e ‘apontadores’ do jogo do bicho, sem comprometer a imagem do chefe da organização, apontado pelo MPMS como sendo Neno Razuk.
Quando flagrado na casa no Monte Castelo, em outubro de 2023, por policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), ocasião em que foram apreendidas 700 máquinas do jogo do bicho, o major havia dito que estava na residência jogando com outras pessoas.
No entanto, no local foi apreendida uma agenda que estava com o militar aposentado, onde constavam nomes e o esquema de funcionamento atual do grupo de São Paulo, que está no controle do jogo do bicho em Campo Grande.
Na agenda ainda foram encontrados os nomes de ‘recolhes’ ligados ao grupo de São Paulo, que estavam na mira do grupo chefiado por Neno Razuk, seja para deixarem o grupo para o qual trabalhavam ou para serem alvos de nova ação.
A casa em que o grupo foi encontrado em outubro havia sido alugada por um casal, que serve de base para a organização criminosa em apoio logístico. O aluguel da residência foi acordado em R$ 2.500.
No dia anterior ao flagrante feito pelo Garras, na casa do Monte Líbano, o grupo havia se reunido definindo que ‘iriam para cima’ dos concorrentes. O major teria participado de um dos roubos dos malotes do grupo rival.
Major Gilberto Luiz foi preso na primeira fase da Operação Sucessione, deflagrada no dia 5 deste mês, quando foram expedidos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Os mandados de prisão foram cumpridos em Campo Grande e Ponta Porã.
O deputado Neno Razuk (PL) foi alvo da operação que cumpriu contra ele um mandado de busca e apreensão. Na casa do deputado, foram apreendidos celulares, uma pistola e um tablet do filho de Neno Razuk.
De dez, oito mandados de prisão temporária foram cumpridos contra suspeitos de envolvimento com o crime organizado do jogo do bicho, que inclusive estaria inserido nos órgãos de segurança pública de Mato Grosso do Sul.
Todos os presos estavam em uma casa onde foram apreendidas 700 máquinas do jogo do bicho, no último dia 16 de outubro, no bairro Monte Castelo, em Campo Grande.
No total foram expedidos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Os mandados de prisão foram cumpridos em Campo Grande e Ponta Porã.
Assessores do parlamentar também foram presos, entre eles, Diego Souza Nunes, o major aposentado da Polícia Militar Gilberto Luiz dos Santos, o ‘Barba’, além do sargento aposentado da PM, Manoel José Ribeiro, conhecido como ‘Manelão’.
*Matéria atualizada às 7h40 do dia 17/01/2024 para acréscimo de posicionamento