Ao final do tanque neotrópico, o túnel aquático do Bioparque Pantanal, uma pequena árvore quase passa despercebida. Discreta e colocada sobre uma mesa num cantinho do corredor, ela abriga bilhetes com desejos íntimos dos visitantes que se dispõem a depositar no exemplar um pouquinho de esperança. A iniciativa tem feito sucesso, especialmente no fim de ano, quando aspirações para um futuro melhor costumam aflorar no coração das pessoas.
Nessa época, o espírito da renovação toma conta do íntimo de qualquer um e colocar para fora as expectativas mais simples ou até “impossíveis” pode ser uma maneira de “entregar para o universo” e esperar acontecer.
Para que todos possam escrever seus sonhos, o complexo disponibiliza canetas e pequenos pedaços de papeis em formato de folha. Assim, logo que anotam os pedidos, os passeantes penduram as folhinhas em linhas de barbante distribuídas pela mini-árvore.
Além disso, o estoque de papeizinhos precisa ser reabastecido várias vezes por dia, diante de tanta saída. Nas últimas semanas, inclusive, tem sido difícil achar espaço para pendurar anseios no exemplar, que está carregado de metas, intenções e até desabafos da mais profunda intimidade.
Desejos íntimos na árvore dos sonhos
A reportagem do Jornal Midiamax esteve no local para conferir de perto quais são as principais ambições de quem expressa esperança na árvore dos sonhos do Bioparque Pantanal. Em conversa com os visitantes, foi possível constatar que a superlotação de bilhetes expõe, de certo modo, o quanto os campo-grandenses e demais turistas de todos lugares vivem um momento de propósitos.
Alguns assinam seus nomes, outros não. E, entre as folhas, há de tudo: declarações de amor, manifestações de riqueza, fama, luxo, emprego, carreira… realizações de modo geral. Mas os recordes de pedidos envolvem paz, saúde e bênçãos para as famílias em 2025.
Contudo, também se destaca o impressionante número de desejos de pessoas que querem fazer medicina – são muitos, incontáveis.
Isso ocorre porque quem mais gosta de escrever na árvore são as crianças e os adolescentes que visitam o ponto turístico, compartilhando projeções pessoais verdadeiramente genuínas, sem o banho de água fria da realidade e das preocupações impostas pela vida adulta.
“Completar a escola e a faculdade e minha vó estar viva“, “Eu quero casar com a Maria Luisa”, “Casar, ter um filho e ir para o céu”, “Ser rica, ganhar mais de R$ 2,5 milhões por mês”, “Ser youtuber” e “Ser famosa” foram algumas aspirações encontradas pela reportagem.
Mas o espaço também abriga relatos que doem na alma. “Meu sonho é que meu pai pare de beber. Amém”, “Que o Murillo pare de fumar e encontre a mulher dos sonhos” e “Talvez um dia eu consiga ser quem eu realmente sou, sem me sentir julgada por mim” são exemplos de pedidos mais sensíveis.
Emoção toma conta
A administradora Isaura Campos, de 40 anos, era uma das visitantes que escrevia para a árvore enquanto nossa equipe estava no local. Ao MidiaMAIS, ela conta o que pediu.
“Quero minha família toda completa em 2025 e com muita saúde. Depositei aqui minha fé e esperança por um ano melhor, cheio de prosperidade e coisas boas. 2024 foi um ano triste para mim, estou esperançosa para o que vai começar. Isso aqui é muito legal porque a árvore representa a vida, a natureza, conexão e tudo de bom que o mundo nos dá”, declara.
Além dela, uma menina de 10 anos se emociona e vai às lágrimas ao expor o desejo que pendurou no exemplar. “Queria que meus pais tivessem a casa que eles sempre quiseram”, diz a pequena, moradora do bairro Villas Boas. “Eu acho lindo”, comenta a mãe da garota ao saber do sonho da filha.
Enquanto a equipe do Jornal Midiamax esteve no complexo, mais de 50 pessoas passaram pela árvore e anotaram o que almejam. Um desses desejos, inclusive, já se tornou realidade. Garotinho que pediu um novo rim ganhou um transplante do órgão oito dias após pendurar o sonho no exemplar do Bioparque, provando que a fé move montanhas. Afinal, quem garante que a árvore não é mágica e impulsiona a concretização dos anseios?
Ao MidiaMAIS, a diretora-geral do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri, diz que a ideia da árvore partiu dela, com o intuito de gerar engajamento entre os visitantes de forma lúdica e se valendo de algo que remete à natureza.
Segundo Fernanda, o projeto, intitulado “Plantando Sonhos”, é uma ação permanente e está presente no Bioparque desde a abertura ao público. “Temos uma imensa adesão da população, a árvore vive cheia de desejos e é constantemente renovada“, pontua ela.
Desse modo, quando a renovação ocorre, os papeis com os anseios dos visitantes são reaproveitados pelo Núcleo de Educação Ambiental (NEA) do Bioparque para atividades pedagógicas com estudantes e público geral.
“Com eles, já foram criados papeis artesanais e fantasias para contação de história”, revela a diretora sobre o destino dos bilhetes, mais do que justo e simbólico.
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