Um grupo de cerca de 80 pessoas se reuniu na Praça Ary Coelho na tarde desta sexta-feira (15), feriado de Proclamação da República, para se manifestarem a favor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê a redução da atual escala de trabalho de 6×1.
Os manifestantes se reuniram às 16h na praça central em Campo Grande e por volta de 17h saíram em passeata pela Rua 14 de Julho, principal via comercial da Capital. A PM (Polícia Militar) acompanha o ato.
A manifestação é composta em sua maioria por jovens. Um dos que participa é o Pedro Tiago, presidente da União da Juventude Socialista. “A gente tem mulheres que ainda tem que acumular o trabalho do cuidado com essa escala 6×1. A gente tem jovens que têm de seu primeiro emprego essa jornada aqui, impede eles de se manterem dentro da sala de aula porque eles cansam e não conseguem estudar”, explica ao Jornal Midiamax.
“A gente se junta nessa manifestação que está acontecendo hoje no país inteiro, para aqui em Campo Grande anunciar e impressionar, também os nossos deputados federais, que a sociedade campo-grandense não quer mais viver nessa nova escravidão e que está na hora de a gente modificar muito o mundo do trabalho”, afirma.
Adesão de jovens à PEC
Para o presidente do Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul), Walter Gonçalves, afirma que a adesão dos jovens foi uma grata surpresa.
“A gente até pensa que isso afugentaria até o jovem; no primeiro emprego, sente aquele medo. Aliás, no setor de serviço estão existindo mais jovens. Então, eles já estão tendo consciência de que desde o início; eles também querem viver, querem estudar; principalmente os jovens, que tem que se especializar, então eles estão aderindo”, afirma à reportagem.
A advogada e militante da Marcha Mundial para Mulheres, Fabiana Pereira Machado, cita que o Brasil já tem outras escalas de trabalho que funcionam plenamente.
“A gente já tem na própria vivência do nosso país que é totalmente possível você ampliar os dias de descanso e ampliar o dia de descanso. É importante para as pessoas terem uma vida social mais ativa, para você poder ter mais tempo de cuidar da sua família, para você poder ter mais tempo de estudar, de fazer um convívio em sociedade”, diz.
Conscientização
Os manifestantes carregavam cartazes e bandeiras em defesa da PEC, além de materiais de panfletagem para conscientizar os trabalhadores, assim como a manifestação da manhã desta sexta.
Quem acompanhou a manifestação de fora, tinha pensamentos contrários. Jéssica Fernandes de Morais, de 32 anos, é auxiliar de sala e pensa que o Brasil não tem estrutura para um projeto dessas proporções.
“Acredito que o Brasil não está preparado para isso ainda. Se isso acontecer, vai ter muito impacto econômico. Eu acredito que o país não suporte; acho que os impactos disso são mais negativos do que positivos”, afirma ao Jornal Midiamax.
Já a vendedora Ana Virgínia, de 38 anos, fica dividida. “Eu entendo as vantagens e necessidade do trabalhador ter mais tempo para cuidar de si, da família, da saúde, mas eu acredito que o Brasil não está preparado para isso ainda”, opina.
“Claro que a gente quer descanso, mas não sei se os patrões vão dar conta, principalmente em relação às fábricas. Será que os patrões vão manter os funcionários? Não vai aumentar o desemprego? A gente sabe que é uma luta antiga, o movimento acontece há muito tempo, mas com toda a incerteza, a gente fica dividido”, afirma.
Sobre a PEC
As 44 horas semanais resultam em jornadas de 6 dias de trabalho e 1 de descanso por semana, ou seja, a jornada de 6×1. A proposta que tramita na Câmara dos Deputados quer o fim dessa escala e ainda vai além, busca uma redução para a escala 4×3, ou seja, com 4 dias de trabalho e 3 de descanso.
“Esta emenda à Constituição surge a partir das demandas e reivindicações dos trabalhadores, por meio de mecanismos participativos, em que quase 800 mil brasileiros e brasileiras cobram do Congresso Nacional o fim da jornada 6×1 e adoção da jornada de trabalho de 4 dias na semana, evidenciando a relevância e o respaldo significativo da sociedade em relação à necessidade de reformas na legislação trabalhista”, diz trecho da justificada da PEC de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP).
Para que a proposta siga para discussão no Congresso Nacional eram necessárias ao menos 171 assinaturas de deputados federais. O número foi ultrapassado no final da manhã desta quarta-feira (13), quando 194 deputados se manifestaram favoráveis.
A proposta ainda deverá ser aprovada no Senado e sancionada pela presidência para ser incorporada à Constituição Brasileira. Para ler o texto da proposta na íntegra, acesse aqui.
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